FUMAÇAS DE LILITH
Eu estava na
varanda, fumando ao ar livre o meu cigarro maldito, quando embaixo, na rua, um
casal vindo de mãos dadas rumo à feira, entre tantas pessoas e carros estacionados,
chamou-me a atenção.
À direita e à
frente, tinham, à igual distância, a benigna sombra que o prédio, em frente,
faz sobre a rua ao sol. O rapaz, querendo mudar para o outro lado da rua, puxou
a mulher pela mão de maneira abrupta, forte, autoritária, impondo sua vontade
sobre a dela. Naquele momento em que se dirigia, serenamente acompanhada,
àquela feira vespertina, tão famosa na cidade, a forma como fora puxada pelo
companheiro magoara-lhe o braço e o prumo.
Discutiram o
caminho. O rapaz, tendo segura sua mão, quer ainda atravessar a rua. Observo
que, no ponto em que estavam não fazia muita diferença como alcançariam a
sombra do prédio, se pela frente como seguiam ou se pela outra calçada. No
entanto, era evidente que, para a moça, o que fazia diferença era a forma de
ser conduzida pela mão. Com carinho, com exclusividade, não com sujeição. A
força do homem sobre